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São Jorge D'Oeste

Cenário do leite: entre desafios e oportunidades, planejamento é o caminho para o futuro da produção

Para Rafael, São Jorge D’Oeste tem uma posição privilegiada e está prestes a viver uma revolução na produção de leite.

Cenário do leite: entre desafios e oportunidades, planejamento é o caminho para o futuro da produção
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Entrevista com Rafael Bernardes no programa Canal Aberto reforça que qualidade, gestão e visão estratégica serão diferenciais para os produtores diante da chegada da maior indústria de laticínios da América Latina
A cadeia produtiva do leite está passando por uma transformação em São Jorge D’Oeste. Com a iminente operação de uma nova indústria considerada a maior da América Latina no ramo, o setor se prepara para uma nova etapa — e com ela, surgem dúvidas, desafios e, principalmente, a necessidade de planejamento por parte dos produtores. Foi o que destacou Rafael Bernardes, analista do setor leiteiro e técnico agrícola. Rafael trouxe uma análise realista, embasada em dados, vivência prática e contato direto com produtores da região. Segundo ele, o município apresenta cenários contrastantes: “Tem produtor desesperado com o preço, enquanto outro sabe que leite sempre teve oscilação e se preparou para isso. O segredo está no planejamento.”
Custo real e preço médio: saber fazer conta é fundamental
Rafael defendeu que o produtor precisa deixar de pensar apenas no preço do litro do leite e começar a trabalhar com médias anuais e controle de custos reais. "Não adianta falar que o leite está a R$ 3,00 se o custo está em R$ 2,90. A gestão começa por saber quanto custa uma vaca por dia, quanto custa a comida e qual é a margem mínima que garante o salário do produtor", explicou.
Um dos exemplos mais citados foi a silagem, onde o tipo de plantio, a cobertura e o cuidado com perdas podem representar diferenças de milhares de reais ao longo do ano. “Tem gente que não calcula nem a lona, nem o inoculante, nem os parafusos do trator. Depois, se surpreende com o resultado no fim do mês.”
Qualidade do leite será critério-chave para novos tempos
Com a chegada da nova indústria, a exigência por leite de qualidade tende a aumentar. Rafael afirmou que as grandes empresas não buscarão apenas volume, mas sim matéria-prima dentro de padrões técnicos, como baixo índice de CCS (Células Somáticas), CBT, proteína e gordura em níveis adequados.
“Produtores que se adequam a essas exigências já conseguem bônus no preço. Isso é possível com protocolo, revisão de máquinas, nutrição balanceada, sombra, água limpa e silagem de qualidade. Não precisa ser um sistema caríssimo, mas precisa de capricho e constância”, alertou.
Capricho, não volume, garante lucro
Outro alerta importante feito por Rafael é sobre a falsa ilusão de que mais leite sempre significa mais lucro. Ele apresentou contas que mostram que um produtor que extrai 25 litros por vaca com bom controle de custos pode lucrar mais do que outro que tira 40 litros e mantém uma dieta cara e desequilibrada.
“O produtor precisa parar de querer contar pro vizinho que está tirando 45 litros e olhar o que realmente sobra no bolso. Às vezes, 25 litros com comida barata e bem planejada é o que garante o salário e a estabilidade da família”, disse.
Rafael orientou os produtores a manterem cautela com contratos de longo prazo e a não agirem com ganância. “Se o preço que estão te oferecendo já te dá lucro, às vezes é melhor fechar negócio com segurança do que apostar em promessas de preço mais alto no futuro e cair num ciclo de endividamento.”
Planejamento e assistência técnica: ferramentas para o sucesso
O analista reforçou ainda a importância da assistência técnica qualificada. Ele mesmo desenvolveu modelos de cálculo e tabelas de gestão que vêm sendo usadas por sindicatos e até por universidades, como a UTFPR, em ações voltadas à sustentabilidade da atividade leiteira. “O planejamento começa na lavoura e termina na planilha. Não adianta só produzir, tem que saber o que está gastando.”
São Jorge D’Oeste no centro da nova fase do leite
Para Rafael, São Jorge D’Oeste tem uma posição privilegiada e está prestes a viver uma revolução na produção de leite. Mas é preciso preparo. “Essa indústria que está vindo vai exigir padrão. Vai ter briga por matéria-prima. Quem estiver preparado, vai crescer. Quem não estiver, vai ficar pelo caminho. E o diferencial será o planejamento.”
RCS FM – A Voz de São Jorge D’Oeste
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