Um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais ao longo do domingo (14) provocou forte repercussão no Sudoeste do Paraná ao mostrar indígenas desembarcando de um ônibus oficial da Prefeitura de Francisco Beltrão no município de Dois Vizinhos. O episódio desencadeou uma onda de questionamentos sobre a condução da ação, a comunicação entre os municípios envolvidos e o cuidado no atendimento a populações em situação de vulnerabilidade.
Conforme nota divulgada pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Francisco Beltrão, o grupo de indígenas encontrava-se no município há alguns dias e teria procurado a pasta solicitando apoio para retornar à reserva indígena localizada em Laranjeiras do Sul (PR), alegando não possuir meios próprios para o deslocamento. Diante da solicitação, foi realizado o cadastro social e organizado o transporte até o destino final.
A administração beltronense afirma que, durante o trajeto, os passageiros solicitaram uma parada em Dois Vizinhos para alimentação e uso de banheiro. No entanto, as imagens divulgadas nas redes sociais ampliaram a desconfiança da população. No vídeo, os indígenas aparecem desembarcando com todas as bagagens retiradas do compartimento do ônibus, o que levou muitos a interpretar que o grupo estaria sendo deixado no município, sem garantia de continuidade da viagem.
A situação mobilizou rapidamente as autoridades locais. Ao tomar conhecimento do ocorrido, o prefeito de Dois Vizinhos, Carlinhos Turatto, foi pessoalmente até o local, conversou com o motorista e interveio para que o transporte fosse retomado. Após a ação, os indígenas seguiram viagem até a reserva em Laranjeiras do Sul, conforme previsto inicialmente.
Apesar da explicação apresentada pela Prefeitura de Francisco Beltrão, o caso segue cercado de questionamentos. Moradores e lideranças de Dois Vizinhos manifestaram desconfiança em relação à versão oficial e cobram esclarecimentos mais detalhados por parte do prefeito beltronense, Antônio Pedron. Também há pedidos para que o Ministério Público acompanhe o caso e apure se houve falhas administrativas ou irregularidades no procedimento adotado.
O episódio reacende um debate sensível sobre políticas públicas de assistência social, responsabilidade compartilhada entre municípios e a necessidade de protocolos claros e comunicação eficiente em ações que envolvem populações indígenas. Mais do que um episódio isolado, o caso expõe fragilidades institucionais que exigem respostas transparentes e medidas corretivas para evitar que situações semelhantes se repitam.
Reportagem: Islan Roque — com base em informações do Portal Educadora
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