A manhã desta Terça-Feira, 19 de Agosto de 2025, marcou o fim de um ciclo histórico na economia do Sudoeste paranaense. A Araupel, hoje denominada Millpar, anunciou oficialmente o encerramento das atividades em Quedas do Iguaçu, após 53 anos de funcionamento.
O comunicado foi confirmado logo após o retorno das férias coletivas de parte dos funcionários que ainda permaneciam na unidade. A decisão põe fim a uma trajetória que, por décadas, foi sinônimo de desenvolvimento, geração de empregos e fortalecimento do setor madeireiro no Paraná.
De auge à retração: a história da empresa
Nos anos de maior prosperidade, a Araupel chegou a empregar mais de 5 mil trabalhadores diretos e movimentar dezenas de postos indiretos, consolidando Quedas do Iguaçu como referência nacional na indústria da madeira. Para muitas famílias, a empresa não representava apenas um emprego, mas dignidade e sustento por gerações.
O declínio, contudo, começou ainda na década de 1990, quando a companhia enfrentou as invasões de terra promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A perda de grande parte da área produtiva afetou diretamente a capacidade de operação.
Apesar das dificuldades, a empresa resistiu. Manteve em funcionamento a unidade de Quedas e expandiu para Guarapuava, numa tentativa de preservar sua atuação no mercado e garantir empregos.
O impacto da taxação dos Estados Unidos
Nos últimos anos, um novo obstáculo agravou a situação: as taxações impostas pelos Estados Unidos à madeira serrada e produtos derivados. O aumento nos custos reduziu a competitividade internacional e pressionou ainda mais o setor madeireiro brasileiro.
Sem condições de manter as duas plantas industriais, a Millpar decidiu concentrar a produção em Guarapuava e encerrar, de forma definitiva, a operação em Quedas do Iguaçu.
O fim de uma era para Quedas do Iguaçu
O fechamento da empresa não é apenas a paralisação de uma fábrica: representa o fim de um ciclo econômico que moldou a identidade da cidade. Por mais de cinco décadas, o ritmo de Quedas do Iguaçu esteve atrelado ao som das serrarias e à prosperidade gerada pela Araupel.
Hoje, o município se vê diante de um desafio profundo: como reconstruir sua base econômica diante da ausência de uma gigante que, por tantos anos, foi seu motor de desenvolvimento?
A saída da Araupel/Millpar deixa um vazio difícil de ser preenchido. Fica a memória de uma empresa que ajudou a erguer a cidade, marcou gerações e se tornou parte da história de milhares de trabalhadores e suas famílias.
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