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Dia do Chimarrão: história, tradição, hospitalidade e boas conversas

Tomar chimarrão é um ato cultural no sul do Brasil

Dia do Chimarrão: história, tradição, hospitalidade e boas conversas
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Origem do chimarrão


Por volta do século XVI, colonizadores espanhóis chegaram às terras brasileiras, onde hoje fica o estado do Paraná. Na localidade, viviam tribos de indígenas Guaranis que costumavam consumir uma espécie de chá servido em porongo, caá-i ou ‘água da erva’.

A bebida não era bem-vista pelos padres jesuítas. Por não saberem do que se tratava e trazer à memória a ligação de infusão de ervas com a bruxaria, o consumo do mate foi proibido. O impedimento não durou muito tempo, e, no século XVII, os próprios jesuítas incentivaram seu uso em combate ao alcoolismo, fenômeno resultante da proibição do caá-i.

Com o passar do tempo, o hábito de tomar chimarrão foi passado dos indígenas para os colonizadores que experimentaram e gostaram do sabor da bebida. Logo, eles criaram utensílios para aprimorar e enfeitar essa prática.

O aumento no consumo gerou, consequentemente, o aumento da produção da erva-mate. O crescimento foi tanto que chegou a ser a mais importante atividade econômica brasileira até 1632.

A importância cultural e histórica do chimarrão


Preparar e saborear um chimarrão é um hábito cotidiano para muita gente no país, especialmente para os brasileiros com origem no Sul. O mate é tão presente na vida dessas pessoas que é fácil encontrá-lo em todo o tipo de lugar e ocasião, dos encontros com a família e amigos até durante a rotina de trabalho e estudo.

O chimarrão também possui relação com o desejo de bem receber desses povos. Oferecer um mate é uma demonstração de hospitalidade e simpatia, uma forma de expressar que os convidados são bem-vindos.

No Rio Grande do Sul, os dados mais recentes da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação indicam que a expectativa de produção de folha verde de erva-mate em 2022 era de 300 mil toneladas. Ao todo, 191 municípios estão envolvidos na cadeia produtiva da erva.
Além da tradição, a bebida é um importante vetor da economia da região. No Rio Grande do Sul, os dados mais recentes da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação indicam que a expectativa de produção de folha verde de erva-mate em 2022 era de 300 mil toneladas. Ao todo, 191 municípios estão envolvidos na cadeia produtiva da erva.

Também é em solo gaúcho que acontece a Fenachim, feira realizada em Venâncio Aires em homenagem à bebida. A cidade do interior gaúcho é considerada a capital nacional do chimarrão.

Mas não é só no Brasil que o mate é famoso. Quem viaja para outros países da América Latina, como Argentina e Uruguai, também pode encontrar a bebida. Os utensílios e o sabor da erva-mate são um pouco diferentes, mas a hospitalidade característica se mantém.


O processo produtivo da erva-mate


O segredo para um bom chimarrão tem muita relação com a escolha da erva-mate. Conforme o método de preparo das folhas, o resultado pode ser uma erva com maior ou menor teor de amargor e, inclusive, com sabor defumado. A produção pode incluir ainda a adição de outros ingredientes, como as versões compostas com chás e outras plantas.

Depois de plantar e colher as folhas de erva-mate, o processo que leva o produto até a casa das pessoas começa com a etapa de sapeco. Nesse momento, as folhas são levadas para a fábrica, onde são expostas à alta temperatura por um curto período dentro de um sapecador. O objetivo é gerar um choque térmico na planta, preservando suas propriedades e aromas.

Na sequência, durante a secagem, as folhas são novamente submetidas ao calor para serem desidratadas. Essa fase leva um pouco mais de tempo e é essencial para que a erva perca sua umidade e possa depois ser processada.

A próxima etapa de produção é o cancheamento, quando as folhas são moídas mais grossas logo após a secagem. Em seguida, ocorre a moagem final em um moinho, preparando a erva-mate de acordo com a granulometria desejada.

O último processo é o envase. Ela é pesada e embalada e já está pronta para o consumo.


Além de fortalecer a tradição, o chimarrão tem o potencial de contribuir para a saúde dos seus apreciadores. Pesquisas mostram que a erva-mate é fonte de vitaminas e minerais importantes para o funcionamento do nosso corpo, prevenindo problemas como colesterol alto, acúmulo de gordura abdominal e doenças como câncer.

Outro benefício do mate é a sua ação antioxidante, que ajuda a retardar o envelhecimento das células e proteger contra os demais efeitos negativos dos radicais livres.

O hábito que algumas pessoas têm de tomar o chimarrão pela manhã ou enquanto estudam e trabalham não ocorre à toa. A cafeína presente na erva-mate é eficaz na aceleração do metabolismo, aumentando a energia e reduzindo a sensação de fadiga.

Os ganhos de beber mate se estendem ainda à saúde mental. Especialistas indicam que a prática pode colaborar para a sensação de prazer e o controle da ansiedade. Além disso, o hábito de compartilhar a bebida contribui para a socialização e o sentimento de pertencimento a um grupo.

Dicas para preparar um bom mate
A constituição tradicional do chimarrão é uma cuia, uma bomba, erva-mate e água quente. Cada detalhe é importante para a preparação de um bom mate.

Para iniciar, a cuia precisa ser de porongo e a bomba, por sua vez, de aço inoxidável. A conservação destes itens interfere no sabor da bebida. Por isso, ao lavar a cuia, use somente água corrente, com esponja ou escova, e deixe-a deitada para que o oxigênio passe por ela.

Na limpeza da bomba, use água corrente e fique atento para não deixar pó acumulado no bojo, pois isso pode entupir seu chimarrão. Uma escovinha macia, própria para a peça, pode ajudar na limpeza interna. Vale lembrar que materiais abrasivos e detergentes devem ser evitados. Também é importante ter cuidado para não bater a bomba na cuia para que os utensílios não sejam danificados.

Na erva-mate, está o segredo do sabor marcante da bebida. Em geral, tem um amargor típico, também podendo ser defumada ou ainda contar com misturas de chás. Na hora de escolher, verifique a data de fabricação e o vencimento. Produtos embalados a vácuo costumam ter validade maior em comparação a outras formas de embalagem.

O armazenamento também é um ponto importante. A erva é muito sensível e para manter a mesma cor e o sabor, é ideal mantê-la na geladeira ou no freezer.

Em relação à água, ela precisa estar quente, mas não pode estar fervendo para não queimar a erva ou a boca, e nem tirar as propriedades medicinais da bebida. A temperatura ideal é 70°C e a dica para quem não tem um termômetro em casa é colocar uma moeda limpa na chaleira e, em seguida, adicionar a água para aquecer. 

Preste atenção nos sons: a água está na temperatura correta no momento em que a moeda começa a bater no fundo da chaleira.

Curiosidades sobre o ‘chima’
Conheça algumas curiosidades relacionadas ao preparo e consumo do chimarrão:

A cuia deve ser passada com a mão direita e a roda de mate deve ir para a esquerda daquele que preparou o chimarrão;
O preparador deve beber o primeiro chimarrão em sinal de educação, para testar a temperatura da água e também porque o primeiro é sempre o mais amargo;
Não mexa na bomba ou na erva. Essas ações são consideradas faltas graves em uma roda de mate;
Numa roda de chimarrão, não se toma apenas um golinho e passa o mate adiante. É preciso tomar tudo, até a bomba ‘roncar’. Se isso não é feito, é considerado uma desfeita;
O chimarrão tem 10 mandamentos que são indispensáveis para quem consome ou quer consumir a bebida.
Os 10 mandamentos do chimarrão
O geólogo e escritor gaúcho Pércio de Moraes Branco é conhecido como o autor dos 10 mandamentos do chimarrão. Os princípios são seguidos pelos sulistas e outros apreciadores que veem na bebida uma forma de perpetuar a tradição que começou com os povos indígenas e hoje caracteriza a região.

Além da indicação para não deixar o mate pela metade e não mexer na bomba, a lista inclui orientações como não pedir açúcar na bebida. Há quem ache o chimarrão amargo ou prefira tomar com água ou leite adoçados, mas a versão mais tradicional leva apenas erva-mate e água.

Confira todos os 10 mandamentos criados por Moraes Branco:

1. Não peças açúcar no mate

2. Não digas que o chimarrão é anti-higiênico

3. Não digas que o mate está quente demais

4. Não deixes um mate pela metade

5. Não te envergonhes do “ronco” no fim do mate

6. Não mexas na bomba

7. Não alteres a ordem em que o mate é servido

8. Não durmas com a cuia na mão

9. Não condenes o dono da casa por tomar o primeiro mate

10. Não digas que o chimarrão dá câncer na garganta

Significado dos ‘mates’
Antigamente, os casais apaixonados utilizavam o mate como um meio de comunicação. As mensagens eram transmitidas de acordo com o que era posto na cuia. Confira alguns exemplos!

– Mate com açúcar: Quero a tua amizade

– Mate com açúcar queimado: És simpático

– Mate com canela: Só penso em ti

– Mate com casca de laranja: Venha me buscar

– Mate com mel: Quero casar contigo

– Mate frio: Te desprezo

– Mate lavado: Vá tomar mate em outra casa

– Mate enchido pelo bico da bomba: Vá embora

– Mate muito amargo (redomão): Chegou tarde, já tenho outro amor

– Mate com sal: Não apareça mais aqui

– Mate muito longo: A erva está acabando

– Mate curto: Pode prosear a vontade

– Mate servido com a mão esquerda: Você não é bem-vindo

– Mate doce: Simpatia

Erva-mate e gastronomia
Que a erva-mate é a base do chimarrão a gente já sabe. Mas você sabia que o produto também é usado para outros preparos culinários? Receitas com origem no Sul do país incluem o ingrediente como forma de tornar os pratos ainda mais especiais.

O uso da erva-mate na gastronomia vai desde a preparação de pratos comuns na mesa dos brasileiros, como pães, bolos, maionese e farofa, até receitas mais sofisticadas, como macarons (doce facilmente encontrado na França) e carnes e frutos do mar com molhos à base da planta.

A dica para quem deseja aprender a fazer algumas dessas iguarias é realizar uma busca na internet. Em algumas páginas você descobre o passo a passo para incluir a erva-mate no preparo de sucos, pão de queijo, molhos, doces e tantas outras delícias.

FONTE/CRÉDITOS: Blog Cresol
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