O jovem agrônomo Luiz Fernando da Costa e Silva, formado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – campus Dois Vizinhos, conquistou um feito que orgulha não apenas sua família, mas toda a comunidade sanjorgense: seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ficou em 2º lugar entre os melhores do Estado, no concurso promovido pelo CREA Paraná.
O estudo, que avaliou a aplicação do herbicida glifosato nos estágios reprodutivos da soja (R1 e R2), foi desenvolvido ao longo de quatro anos de pesquisa criteriosa em campo e se destacou pela profundidade técnica e pela aplicabilidade prática aos produtores rurais.
Um trabalho de fôlego
Durante a entrevista no programa Canal Aberto da RCS-FM, Luiz Fernando explicou que o projeto não nasceu de forma improvisada:
“Esse trabalho foi construído com muito cuidado, em mais de quatro anos de acompanhamento de lavouras. A cada sete dias eu estava na área, mesmo em datas especiais como no Natal, para fazer medições de clorofila e índice de área foliar. Foi um processo árduo, mas muito recompensador”, contou.
O agrônomo avaliou diferentes doses do herbicida (0, 1,5, 2 e 4,5 litros por hectare), analisando o impacto em parâmetros como peso dos grãos, número de vagens por planta, tamanho da planta, área foliar e produtividade.
Principais conclusões
O resultado foi claro: quanto maior a dose de glifosato aplicada no estágio reprodutivo, maior a queda na produtividade da soja.
Além disso, a pesquisa revelou que o momento da aplicação faz diferença:
No estágio R1 (primeiras flores), a planta sofre mais perdas por estar em transição entre vegetativo e reprodutivo;
Já no estágio R2 (florescimento pleno), o impacto é menor, pois a planta está mais adaptada.
Para explicar, Luiz Fernando fez uma comparação simples:
“É como quando a gente muda de setor em um emprego. No início, tudo é novidade e qualquer dificuldade pesa mais. Assim também acontece com a planta. Quando ela já está adaptada ao estágio reprodutivo, suporta melhor o impacto.”
O “vilão” glifosato sob nova perspectiva
O glifosato, muitas vezes tratado como “vilão”, é fundamental para o manejo das lavouras, mas seu uso requer cautela.
“Mesmo sendo resistente, a planta sente o efeito do herbicida. É como nós, seres humanos, quando tomamos um medicamento forte: o corpo reage. O mesmo acontece com a soja”, explicou o agrônomo.
A pesquisa confirma que o herbicida continua sendo um aliado indispensável, mas reforça que o manejo correto é decisivo para evitar perdas de produtividade.
Reconhecimento e orgulho
Concorrendo com cerca de 200 trabalhos de todo o Paraná, o estudo de Luiz Fernando foi escolhido entre os melhores. Para ele, a conquista reforça não apenas o currículo, mas a confiança de que a pesquisa pode transformar a prática agrícola:
“Esse resultado mostra que o trabalho acadêmico pode chegar até os produtores e ajudá-los na tomada de decisões. É uma forma de contribuir com a agricultura do Paraná e do Brasil. Sou muito grato a Deus, à minha família e a todos que estiveram comigo nessa jornada.”
Durante a entrevista, a emoção também foi compartilhada pelos pais, Eliane e Moacir da Costa e Silva, que acompanharam de perto a dedicação do filho. Luiz Fernando é ainda esposo de Suelen e pai do César e do Caio, que ele cita como inspiração constante.
Carreira profissional
Hoje, Luiz Fernando atua como consultor técnico do Grupo Lavoura, em Quedas do Iguaçu, atendendo municípios da região Sudoeste. Seu trabalho vai além da comercialização de insumos:
“Eu sempre digo que a venda é consequência. O que faz diferença é estar no campo, junto com o agricultor, acompanhando a lavoura e explicando o que está acontecendo. É como uma consulta médica para a planta. O produtor sabe muito da sua área, e nós agrônomos entramos para resolver situações específicas.”
Exemplo para a comunidade
A trajetória de Luiz Fernando inspira acadêmicos e jovens profissionais. Seu esforço e sua conquista reforçam o valor do conhecimento aliado à prática no campo.
O reconhecimento do CREA-PR coloca em evidência São Jorge D’Oeste como berço de talentos que contribuem não apenas para a região, mas para todo o agronegócio paranaense e brasileiro.
Por Elisiane Conter
Rádio RCS-FM, valorizando a trajetória de Luiz Fernando da Costa e Silva, sanjorgense que alia dedicação, pesquisa e amor pelo agro.
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