Uma denúncia de grandes proporções vem causando revolta entre produtores rurais do Oeste do Paraná. Mais de 200 agricultores de municípios como Campo Bonito, Ibema e Guaraniaçu acusam a empresa cerealista Fruett Ltda. de não realizar o pagamento pela compra de grãos, gerando um prejuízo estimado em mais de R$ 40 milhões.
A situação se agravou nas últimas semanas com o fechamento inesperado da cerealista, que deixou os produtores sem resposta. Muitos dos agricultores mantinham relação comercial com a empresa há décadas. “É de chorar, na verdade, porque nós trabalhamos dias e dias para entregar todo o nosso produto. Nós tínhamos contas para pagar, e o nosso produto vai pra onde?”, desabafou o produtor Adair Alves.
Outro produtor, Acenio Aramis, também demonstrou desespero com a situação: “A única coisa que eu tinha era isso. Estou acabado com a situação.”
Além dos agricultores, empresários locais também foram afetados. Um comerciante do setor de combustíveis relatou ter recebido cheques da empresa que acabaram cancelados, colocando em risco a continuidade do seu negócio.
Conforme apurado, a cerealista Fruett havia sido recentemente vendida para a Copacol, que informou por nota que adquiriu apenas a estrutura física e os equipamentos operacionais, sem qualquer responsabilidade sobre as atividades anteriores da Fruett.
A Polícia Civil do Paraná confirmou a instauração de inquérito para investigar o caso como crime de estelionato. Até o momento, 46 boletins de ocorrência já foram registrados. A delegada Raiza Bedim orientou que produtores lesados procurem a Delegacia de Guaraniaçu ou façam o registro online.
Em manifestação oficial, a Fruett alegou atravessar uma grave crise financeira motivada por fatores de mercado e questões pessoais envolvendo a saúde do sócio proprietário. A empresa afirmou que está alienando bens, incluindo sua sede, para quitar parte das dívidas, e reforçou o compromisso com a legalidade e a reparação dos prejuízos, embora tenha criticado ameaças e ocupações de suas instalações.
A crise afeta não apenas os produtores diretamente envolvidos, mas impacta de forma estrutural toda a economia dos municípios da região, com reflexos no comércio, crédito bancário e abastecimento de insumos. Autoridades locais, como vice-prefeitos e presidentes de câmaras municipais, têm se mobilizado para apoiar os agricultores e buscar medidas junto ao Poder Judiciário.
Enquanto os desdobramentos legais seguem em andamento, os agricultores lutam para recomeçar diante de uma perda que não é apenas financeira, mas também moral e emocional, afetando a confiança e a base produtiva do agronegócio regional.
Fonte: Portal Tarobá Cascavel
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