Entre os dias 21 e 28 de agosto, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla mobiliza instituições de todo o país, trazendo reflexão, diálogo e luta em defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Em São Jorge D’Oeste, a APAE iniciou as atividades com programação especial, marcada por emoção, celebração e também preocupação diante de debates jurídicos que ameaçam a sustentabilidade das escolas especializadas.
Um marco de conscientização
Instituída pela Lei 13.585/2017, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla vai além do simbolismo legal. O objetivo é aproximar a sociedade da realidade vivida pelas pessoas com deficiência, combater preconceitos e ampliar oportunidades de inclusão.
Neste ano, o tema nacional escolhido foi “Deficiência não define, oportunidade transforma: inclua nossa voz”, que valoriza o protagonismo das pessoas com deficiência, reafirmando que a inclusão não é favor ou concessão, mas um direito humano fundamental.
Vozes locais: emoção e resistência
Durante entrevista à Rádio Comunitária RCS-FM, a presidente da APAE de São Jorge D’Oeste, professora Erani Guarnieri Siega, destacou a essência da semana:
“A deficiência não é sentença. O que transforma vidas são as oportunidades de aprender, de ser ouvido e de ser respeitado. Nossa escola é feita de dedicação e amor, com profissionais preparados para dar o melhor atendimento aos alunos”, afirmou.
A diretora da instituição, professora Marta Thomaz, reforçou que a semana é aguardada com grande expectativa pelos estudantes e familiares:
“É o momento de celebrar conquistas, mas também de levantar nossa voz contra riscos que podem comprometer a existência da escola. Não podemos permitir que uma instituição tão essencial seja fragilizada.”
A ameaça da ADI 7796
Além das comemorações, a semana foi marcada pela preocupação com a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7796, em análise no Supremo Tribunal Federal. A ação questiona leis estaduais do Paraná que garantem recursos às APAEs e demais escolas especializadas.
Segundo a diretora Marta, caso a medida seja acatada, o funcionamento das escolas mantidas pelas APAEs estaria em risco, afetando diretamente milhares de alunos em todo o estado:
“Hoje atendemos 83 alunos em São Jorge D’Oeste. Sem os recursos da educação, a escola perderia sustentabilidade, e muitas dessas famílias ficariam sem apoio. Nossa sociedade ainda não está preparada para incluir plenamente essas pessoas. O fechamento das APAEs seria um retrocesso enorme.”
Mobilização em defesa da inclusão
A programação da semana incluiu caminhadas, manifestações públicas e ações educativas. Em São Jorge D’Oeste, alunos, famílias e professores realizaram uma caminhada até o portal da cidade, levando faixas e mensagens de conscientização.
Nas palavras da presidente Erani, a luta é contínua:
“É muito melhor ajudar do que ser ajudado. Convidamos toda a comunidade a conhecer a APAE, a sentir de perto o carinho e a dedicação que fazem dessa escola um verdadeiro espaço de transformação".
Um chamado à sociedade
A Semana Nacional de 2025 reafirma um compromisso coletivo: a deficiência não define a pessoa, mas as oportunidades sim transformam vidas.
Em São Jorge D’Oeste, a APAE segue sendo referência de acolhimento, educação e esperança, resistindo às barreiras e preconceitos que ainda persistem na sociedade.
A mobilização deixa claro que inclusão é direito, não concessão – e que a luta em defesa das APAEs é também a luta por uma sociedade mais justa e humana.
Elisiane Conter Rádio RCS-FM / Jornalismo Comunitário
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