O Vaticano vive um momento histórico de intensa mobilização espiritual e estratégica: teve início nesta quarta-feira, 7 de maio de 2025, o Conclave que elegerá o novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana. Após o falecimento do Papa Francisco em 21 de abril, os olhos do mundo se voltam novamente para a Capela Sistina, onde 133 cardeais com menos de 80 anos estão enclausurados, em oração e deliberação, para eleger o 267º Sumo Pontífice da história da Igreja.
A CHAMINÉ QUE FALA AO MUNDO
No centro da cena está um dos rituais mais icônicos do catolicismo: a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina. Desde tempos antigos, ela é a linguagem simbólica que comunica ao mundo o andamento do Conclave. A fumaça preta — sinal de que ainda não há consenso — representa a tensão e o suspense. Já a tão esperada fumaça branca, resultado da queima de cédulas com substâncias químicas específicas, é o sinal que arranca aplausos, lágrimas e cânticos da multidão reunida na Praça de São Pedro: Habemus Papam!.
O protocolo é rigoroso. As votações são realizadas duas vezes pela manhã e duas vezes à tarde. A cada rodada sem decisão, a fumaça preta sobe. Quando o eleito atinge os dois terços dos votos, ele é imediatamente convidado a aceitar a missão e, caso aceite, adota um novo nome e se apresenta ao mundo como o novo Pastor da Igreja.
FAVORITOS E FORÇAS EM DISPUTA
Este Conclave é marcado por uma significativa diversidade de candidatos e de visões eclesiásticas. Entre os nomes mais cotados estão:
Pietro Parolin (Itália): Secretário de Estado do Vaticano, hábil diplomata e homem de confiança de Francisco.
Matteo Zuppi (Itália): Arcebispo de Bolonha, progressista, com atuação em mediações de paz e temas sociais.
Luis Antonio Tagle (Filipinas): Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, carismático, apelidado de “Francisco asiático”.
Robert Sarah (Guiné): De orientação conservadora, ex-prefeito da Congregação para o Culto Divino.
Raymond Burke (EUA): Conservador firme, apoiado por setores da direita política norte-americana.
Peter Turkson (Gana) e Jean-Marc Aveline (França) também são nomes com apoio significativo entre os cardeais.
A escolha final não é apenas espiritual — é geopolítica. Representa um gesto da Igreja sobre sua postura diante dos desafios do mundo contemporâneo: globalização, secularismo, inteligência artificial, desigualdade social, crise ambiental e o avanço de outras religiões.
EXPECTATIVA GLOBAL E SIGNIFICADO ESPIRITUAL
A Praça de São Pedro está repleta de fiéis, jornalistas e peregrinos. Muitos vieram de longe, guiados apenas pela fé e pela esperança de testemunhar esse momento histórico. A expectativa popular é de que o novo Papa continue — ou amplie — as reformas de Francisco: uma Igreja mais inclusiva, misericordiosa, conectada com os marginalizados e atenta ao chamado da justiça social.
A fumaça, embora silenciosa, fala alto. Ela traduz a ansiedade coletiva de mais de 1,3 bilhão de católicos espalhados pelo planeta. Ela comunica, sem palavras, a espera de uma liderança que inspire confiança, espiritualidade e coragem diante do futuro.
UM NOVO TEMPO SE DESENHA NO HORIZONTE
A Igreja Católica se encontra mais uma vez na encruzilhada entre tradição e renovação. O nome que emergir desse Conclave sinalizará muito mais que uma eleição religiosa — será um indicativo da rota moral, pastoral e geopolítica que a Igreja pretende seguir.
O mundo espera. A fumaça falará.
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