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Dia triste para a música gaúcha: morre Mary Terezinha, a “Menina da Gaita”, aos 77 anos

Sua história permanece como inspiração para músicos, mulheres e todos aqueles que acreditam no poder transformador da arte.

Dia triste para a música gaúcha: morre Mary Terezinha, a “Menina da Gaita”, aos 77 anos
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Faleceu nesta Segunda-Feira, 30 de Junho, aos 77 anos, Mary Terezinha Cabral Brum, consagrada como a “Menina da Gaita”, que por décadas encantou gerações ao lado de Teixeirinha e, mais tarde, também na música gospel.
Nascida em 30 de março de 1948, em Tupanciretã (RS), Mary Terezinha iniciou seu contato com a música ainda criança, quando aprendeu a tocar acordeão, instrumento que se tornaria sua marca registrada. Aos 13 anos, sua habilidade já a colocava em evidência nos palcos regionais. A consagração definitiva ocorreu no início da década de 1960, quando foi convidada a substituir o gaiteiro oficial de Teixeirinha, na época o maior ídolo popular do Sul do país. A apresentação marcante em Bagé deu início a uma das parcerias mais célebres da música tradicionalista gaúcha.
Durante mais de duas décadas, Mary Terezinha participou de centenas de gravações e dezenas de álbuns e filmes ao lado de Teixeirinha, incluindo produções de grande sucesso como Coração de Luto, Motorista Sem Limites e Ela Tornou-se Freira. A harmonia entre a gaita vigorosa e a voz do parceiro consolidou o casal como ícones da cultura musical rio-grandense.
Ao longo da parceria artística e também pessoal – Mary e Teixeirinha tiveram dois filhos – a artista construiu uma carreira que extrapolou fronteiras estaduais, projetando-se nacionalmente como uma mulher pioneira num ambiente predominantemente masculino.
Após a separação profissional e afetiva em 1984, Mary seguiu carreira solo. Nesse período, publicou o livro A Gaita Nua, uma autobiografia que detalha bastidores da dupla e episódios marcantes da vida pessoal. Em 1997, converteu-se ao protestantismo, unindo a devoção religiosa ao talento musical. Passou a se apresentar em templos e eventos religiosos, lançando álbuns como Serva de Deus e Testemunho, Quando Eu Abro Esta Sanfona e A Serviço do Rei.
Mesmo afastada dos grandes palcos que frequentou na juventude, Mary Terezinha manteve-se próxima dos fãs, sempre envolvida em projetos culturais e missionários. Sua trajetória foi marcada pelo pioneirismo feminino na música regional, pelo virtuosismo no acordeão e por letras que traduziram a identidade gaúcha em poesia e melodia.
A notícia de seu falecimento provocou manifestações de pesar de artistas, produtores culturais e autoridades. Em nota oficial, o governo do Estado do Rio Grande do Sul destacou que “Mary Terezinha foi patrimônio vivo da música gaúcha e referência de força e talento feminino”, ressaltando sua contribuição inestimável à cultura popular.
O velório será realizado em Porto Alegre, em cerimônia aberta ao público. O sepultamento ocorrerá no Cemitério São Miguel e Almas, onde familiares, amigos e admiradores poderão prestar a última homenagem.
Mary Terezinha deixa dois filhos e uma obra que transcende gerações. Sua história permanece como inspiração para músicos, mulheres e todos aqueles que acreditam no poder transformador da arte.
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